Ataulfo Alves de Sousa era um dos sete filhos
do Capitão Severino, violeiro, sanfoneiro e repentista da Zona da Mata, nasceu
em 2 de maio de 1909 na Fazenda Cachoeira, propriedade dos Alves Pereira, no
município de Miraí, MG.
Com oito
anos, já fazia versos,
respondendo aos improvisos do pai. Com a morte deste, a família teve de se
mudar para a cidade, onde aos dez anos começou a ajudar a mãe no sustento da
casa: foi leiteiro, condutor de bois, carregador de malas na estação, menino de
recados, marceneiro, engraxate e lavrador, ao mesmo tempo em que estudava no
Grupo Escolar Dr. Justino Pereira. Aos 18 anos, aceitou o convite do Dr. Afrânio
Moreira Resende, medico de Miraí, para acompanhá-lo ao Rio de Janeiro, onde
fixaria residência. Durante o dia, trabalhava no consultório, entregando
recados e receitas, e, a noite, fazia limpeza e outros serviços domésticos na
casa do médico. Insatisfeito com a situação, conseguiu uma vaga de lavador de
vidros na Farmácia e Drogaria do Povo. Rapidamente aprendeu a lidar com as
drogas e tornou-se prático de farmácia. Depois do trabalho voltava para casa no
bairro de Rio Comprido, onde costumava freqüentar rodas de samba. Já sabia
tocar violão, cavaquinho e bandolim, e organizou um conjunto que animava as
festas do bairro.
Em 1928,
com apenas 19 anos, casou-se com Judite. Nessa época, em que já começara a compor, tornou-se diretor
de harmonia de Fale Quem Quiser, bloco organizado pelo pessoal do bairro. Em
1933, Bide, que viria a
fazer sucesso com o samba Agora
e cinza (com Marçal), ouviu
algumas composições suas no Rio Comprido, e resolveu apresentá-lo a Mr. Evans,
diretor americano da Victor. Foi então que Almirante gravou o samba Sexta-feira, sua primeira composição a ser lançada
em disco. Dias depois, Carmen Miranda, que ele havia conhecido antes de ser
cantora, gravou Tempo
perdido, garantindo sua
entrada no mundo artístico. Em 1935, através de Almirante e Bide, conseguiu seu
primeiro sucesso com Saudade
do meu barracão, gravado por
Floriano Belham. Seu nome cresceu muito quando apareceram as gravações do samba Saudade dela, em 1936, por Silvio Caldas e da valsa A você (com Aldo Cabral) e do samba Quanta tristeza (com André Filho), em 1937, por Carlos
Galhardo, que se tornaria um dos seus grandes divulgadores. Passou a compor com Bide, Claudionor
Cruz, João Bastos Filho e Wilson Batista, com quem venceu os Carnavais de 1940
e 1941, com Oh!, seu
Oscar e O Bonde de São Januário.
Em 1938,
Orlando Silva, outro grande interprete de suas musicas, gravou Errei, erramos. Em 1941, fez sua primeira experiência
como intérprete, gravando seus sambas Leva,
meu samba... e Alegria na casa de pobre (com Abel Neto). Em 1942 a situação
financeira difícil e a hesitação dos cantores em gravar sua ultima composição
fizeram com que ele próprio lançasse, para o Carnaval do ano, Ai, que saudades da Amélia; gravado com acompanhamento do grupo
Academia do Samba e abertura de Jacó do
Bandolim, o samba, feito a partir de três quadras apresentadas por Mário Lago
para serem musicadas, resultou em grande sucesso popular. Juntos fizeram ainda Atire a primeira pedra, para o Carnaval de 1944, e em 1945
lançaram Capacho e Pra
que mais felicidade.
Resolvido
a continuar interpretando suas músicas, juntou-se a um grupo de cantoras,
organizando um conjunto que, por sugestão de Pedro Caetano, foi chamado de
Ataulfo Alves e suas Pastoras. Inicialmente formado por Olga, Marilu e Alda.
Representativas da década de 1950, quando faziam sucesso musicas de fossa e de
amores infelizes, são suas composiçõesFim de comedia e Errei,
sim, gravadas por Dalva de
Oliveira. Em 1954 participou do show O
Samba nasce no coração, realizado
na boate Casablanca, quando lançou o samba Pois é... O pintor Pancetti gostou
muito da musica e, inspirado nela, fez um quadro com o mesmo nome, que ofereceu
ao compositor. Compôs então Lagoa
serena (com J. Batista),
dedicando-a a Pancetti, que, novamente, o homenageou com a tela Lagoa serena.
Convidado
por Humberto Teixeira, em 1961 participou de uma caravana de divulgação da
musica popular brasileira na Europa, para onde levou Mulata assanhada e Na
cadência do samba (com Paulo
Gesta), que acabara de lançar. Retornou no mesmo ano e fundou a ATA (Ataulfo Alves Edições),
tonando-se editor de suas musicas. Por essa época, desligou-se de suas pastoras
– na ocasião Nadir, Antonina, Geralda
e Geraldina –, passando a se apresentar sozinho, esporadicamente.
Depois de
realizar em 1964 uma temporada no Top Club, do Rio de Janeiro, como sentisse
piorar a úlcera no duodeno, em 1965 decidiu passar o seu titulo de General do
Samba para seu filho, Ataulfo Alves Júnior. Em decorrência do agravamento da
úlcera, morreu após uma intervenção cirúrgica, no Rio de Janeiro em 20 de abril
de 1969.
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